Alexandre magno, pintor
(pelo próprio)
Nasci a 2/9/66,
em Nova Lisboa – Huambo.
Desde pequeno, sempre que tenho na mão algo que
risque, desenho onde seja possível.
Em 1989 entrei para a ESBAP onde fiz o primeiro ano
do curso de Escultura. No ano seguinte fiz o primeiro do de Pintura. No fim de
1995 terminei, na ESBAL (já FBAUL nesse ano), o curso de “Artes
Plásticas-Pintura”.
Depois disto tudo foi procurar ser pintor a tempo
inteiro – o que ainda não consegui.
Que viagens eu faço para chegar
Com os meus quadros vou de viagem sempre que lhes
pego. A pintura une duas boas coisas: é o meu passe para o transporte que se
paga a tinta e pincel e a tela é o veículo que me leva a qualquer lado onde
nunca fui, não conheço e nunca vi.
As minhas imagens
têm várias sensações em cada pedaço delas. Os caminhos são muitos, intrincados e
sónicos. As chegadas não são obrigatoriamente terminais. As composições
constroem-se a partir de duas dimensões num espaço branco onde a narrativa
começa quando surge a primeira mancha de cor. À medida que esse espaço se enche
de manchas de diversas cores e vai focando formas numa procura do esboço de
coisas e contextos, vai-se construindo a composição.
O imprevisto e o desconhecido fazem parte do meu
gozo de pintar. Em vez de procurar o que pintar, (que me dá muito mais
trabalho), pinto o que me é dado a pintar – o que quer que saia da tela ou da
superfície branca, esse máximo de luz onde está tudo. Tenho em grande
consideração a cor branca pois o seu efeito em mim é o de inquietação e de
curiosidade – a partir do momento em que olho para a tela em branco, não
descanso enquanto não desfaço o branco em cores e formas à procura de
sensações, preocupações, atenções, estados de espírito não procurados que
comandam livremente a focagem, materialização, construção e desconstrução da
imagem. Efabulo com que me vai sendo dado até ao ponto em que sinto o fim de
uma narrativa – a composição fica terminada, a imagem já tem a sua história a
contar. Depois procura-se outro pedaço de branco para limpar a claridade a mais
e materializar nova imagem.
Inspirações
Não espero por
inspirações. Pego num rectângulo branco e pinto. (ponto.) A vida são dois dias:
num nasci, no outro ou pinto ou nunca existi.
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