sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Artigo na "Revista Animarte", Viseu, por Alexandre Magno


Alexandre magno, pintor
(pelo próprio) 

                Nasci a 2/9/66, em Nova Lisboa – Huambo.
Desde pequeno, sempre que tenho na mão algo que risque, desenho onde seja possível.
Em 1989 entrei para a ESBAP onde fiz o primeiro ano do curso de Escultura. No ano seguinte fiz o primeiro do de Pintura. No fim de 1995 terminei, na ESBAL (já FBAUL nesse ano), o curso de “Artes Plásticas-Pintura”.
Depois disto tudo foi procurar ser pintor a tempo inteiro – o que ainda não consegui.
 

Que viagens eu faço para chegar 

Com os meus quadros vou de viagem sempre que lhes pego. A pintura une duas boas coisas: é o meu passe para o transporte que se paga a tinta e pincel e a tela é o veículo que me leva a qualquer lado onde nunca fui, não conheço e nunca vi.
                As minhas imagens têm várias sensações em cada pedaço delas. Os caminhos são muitos, intrincados e sónicos. As chegadas não são obrigatoriamente terminais. As composições constroem-se a partir de duas dimensões num espaço branco onde a narrativa começa quando surge a primeira mancha de cor. À medida que esse espaço se enche de manchas de diversas cores e vai focando formas numa procura do esboço de coisas e contextos, vai-se construindo a composição.
O imprevisto e o desconhecido fazem parte do meu gozo de pintar. Em vez de procurar o que pintar, (que me dá muito mais trabalho), pinto o que me é dado a pintar – o que quer que saia da tela ou da superfície branca, esse máximo de luz onde está tudo. Tenho em grande consideração a cor branca pois o seu efeito em mim é o de inquietação e de curiosidade – a partir do momento em que olho para a tela em branco, não descanso enquanto não desfaço o branco em cores e formas à procura de sensações, preocupações, atenções, estados de espírito não procurados que comandam livremente a focagem, materialização, construção e desconstrução da imagem. Efabulo com que me vai sendo dado até ao ponto em que sinto o fim de uma narrativa – a composição fica terminada, a imagem já tem a sua história a contar. Depois procura-se outro pedaço de branco para limpar a claridade a mais e materializar nova imagem.         

 
Inspirações 

                Não espero por inspirações. Pego num rectângulo branco e pinto. (ponto.) A vida são dois dias: num nasci, no outro ou pinto ou nunca existi.

Sem comentários:

Enviar um comentário